terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Nascimento da Filosofia na Grécia Antiga

O Nascimento da Filosofia na Grécia Antiga
Todos sabem que os primeiros filósofos da humanidade foram gregos. Isso significa dizer que embora tenhamos conhecimento de sábios na China (Confúcio, Lao Tsé), na Índia (Buda) e na Pérsia (Zaratustra), suas teorias permanecem intimamente ligadas à religião e, portanto não as classificaremos como reflexão filosófica.

Analisaremos alguns tópicos acerca do advento da Filosofia na Grécia antiga, a começar pela concepção mítica, a qual fornecia uma explicação categórica – e pouco racional – acerca do Cosmos.

O Mito

O mito – em grego mýthos – significa discurso, narrativa, mensagem, conselho, prescrição. E por isto, num primeiro momento, o ‘mýthos’ será empregado para referir-se a narrativas ou relatos fabulosos, portanto, com o sentido de fábula. Aos poucos ‘mýthos’ passa a significar o lendário e irreal, ficção, relato não histórico.

Com esta concepção, ‘mýthos’ se opõe ao sentido de ‘lógos’. O mito havia se bifurcado na sociedade grega, estava impregnado no pensamento do homem grego, por causa da tradição que era passada oralmente por aedos e rapsodos, cantores ambulantes que recitavam os mitos em praça pública (ágora). A verdade proposta pelo mito, é uma verdade intuída. Totalmente diferente daquela verdade à qual nos acostumamos, que é a verdade conseguida por meio do rigor do método e de um discurso racional e claro.

É no meio desta confusão criada pelo mito que nasce a Filosofia. Quando analisamos este momento inicial da preocupação do homem com o conhecimento daquilo que o cerca, podemos pensar que as teorias propostas pelos famosos “filósofos pré-socráticos” são absurdos e – por várias vezes – engraçadas.

É bom que notemos o quão importante são estas teorias e o momento em si, pois a nossa moderna ciência e nossos métodos rigorosos e céticos começaram a se desenvolver justamente neste período.

Agora que já traçamos um panorama do mito, surge a pergunta : O que nos propõe a Filosofia?

A Concepção Filosófica

É no período arcaico que surgem os primeiros filósofos gregos, já no fim do séc. VII A.C e durante o séc. VI A.C.

É nesse período que o rompimento com o mito ocorre. Como já dissemos, a verdade do mito é intuída, constitui-se um dogma, algo que é aceito sem receber críticas ou uma análise mais profunda. E os filósofos divergem entre si, o que acarreta em uma pluralidade de informações e explicações possíveis. Justifica-se assim a ruptura entre mito e razão.

No entanto, alguns autores nos dão a idéia de ‘milagre grego’ para esta ruptura entre mito e razão. Outra vez, é importante que vejamos os motivos pelos quais tornam este processo lento e gradual.

O mito é comum nas culturas onde ainda não há a escrita, devido ao seu modo de propagação (tradição oral). Como já dissemos, ‘mýthos’ significa ‘mensagem’, ‘palavra’, ‘discurso’. Por isso estudos mais recentes mostram que a escrita foi fundamental para a quebra com o mito. Analisaremos melhor na seguida

Motivos Da Ruptura


A Escrita

Diferindo da escrita por meio de hieróglifos, que era tida como mágica e vista como sinal divino, reservada aos sacerdotes e reis, como era comum no Egito, na Grécia, a escrita passa por uma democratização e já no séc. VIII A.C se acha desligada de preocupações religiosas e esotéricas , e passa a ser difundida em praça pública, sendo sujeita à discussão e à crítica. O que não a torna acessível para todos, tendo em vista a disposição da sociedade grega. A escrita prima por fixar a palavra e também o mundo, o que gera uma nova posição rigorosa e esclarecedora.

Portanto, a escrita aparecerá como uma possível brecha para a abstração, uma reflexão da palavra que modificará a própria estrutura do pensamento.

A Moeda e o Comércio

Já por volta dos séculos VII a VI A.C, ocorreu um desenvolvimento do comércio marítimo como produto da expansão do mundo grego mediante a colonização da Magna Grécia (atual sul da Itália) e Jônia (atual Turquia). O enriquecimento de alguns comerciantes gerou transformações na substituição dos valores aristocráticos pelos valores da nova classe em ascensão.

A moeda foi originalmente criada na Lídia e só aparecerá na Grécia por volta do séc. VII a.C. E a moeda torna-se necessária pois o que antes tinha um valor de uso, agora tem um valor monetário, um valor de troca, o que transforma os produtos em mercadoria.

E logo a moeda vincula-se ao pensamento racional. Isso porque passa a ser emitida e garantida pela Cidade, revertendo benefícios para a própria comunidade. Além desse efeito político de democratização, a moeda sobrepõe aos símbolos sagrados e afetivos o caráter racional de sua concepção: muito mais que um metal precioso que se troca por qualquer mercadoria, a moeda é um artifício racional, uma convenção humana.

Este comércio com outros povos gerou um estranhamento inicial. Isto porque o mito do grego afirmava que seres abismais viviam nas outras partes do planeta, animais gigantes e horrendos atacavam as embarcações. O que foi provado falso, pela constatação dos povos que ali faziam seus negócios com os gregos.

Temos ainda outros motivos, como a lei escrita e a questão da cidadania, que, por motivos didáticos, serão suprimidas a fim de dar cabo a outros tópicos do assunto.

Quem são os Filósofos e Por que Filosofia?

A epopéia do homem em busca do conhecimento não se dá propriamente na Grécia continental, mas sobretudo nas colônias: Jônia (metade sul da costa ocidental da Ásia Menor) e na Magna Grécia (sul da península itálica e Sicília).

Os primeiros filósofos viveram por volta do séc. VI a.C e mais tarde foram classificados como ‘pré-socráticos’ e agrupados em diversas escolas. A saber:

- Escola Jônica : Tales, Anaximandro, Anaxímenes,Heráclito, Empédocles

- Escola Itálica: Pitágoras

- Escola Eleática: Xenófanes, Parmênides, Zenão

- Escola Atomista: Demócrito e Leucipo

Só nos restam alguns fragmentos de seus escritos, e do pouco que temos, podemos concluir que esta filosofia primeira se opõe a idéia da Teogonia (princípio dos deuses) e da Cosmogonia (princípio do mundo), referindo-se ao núcleo do mito.

A Filosofia irá se preocupar com uma Cosmologia, ou seja, uma busca racional e lógica do Cosmos. Se antes procurávamos saber como o Cosmos vinha do Caos, hoje procuramos pelo princípio inicial ( a arché), o princípio de todas as coisas, não entendendo este como aquilo que antecede o tempo, mas enquanto fundamento do ser. Buscar o princípio (arché) é explicar qual é o elemento construtivo das coisas que nos cercam.

É neste momento que se faz necessário que saibamos o porquê da Filosofia. A filosofia nasce como um anseio do homem para conhecer a realidade, já que seus mitos falharam na explicação da realidade.

A Filosofia nasce como uma forma racional e lógica de conhecimento, desvincula-se do mito pelo fato de prover várias e inúmeras opiniões e teorias acerca da realidade que nos cerca, e de certa maneira, tira o irracional trazido por milhares de deuses.



Por: Victor Alexandre, Grande amigo e filosofo =P

Bibliografia:
CHAUI, Marilena - Introdução à História da Filosofia, Companhia das Letras, 2009

COTRIM, Gilberto - Fundamentos da Filosofia, Editora Saraiva - 2006
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires - Filosofando- Introdução à Filosofia, Editora Moderna - 1992
BORMHEIM, Gerd - Os Filósofos Pré-Socráticos, Editora Cultrix - 1973
DURANT, Will - A História da Filosofia, Editora Nova Cultural . Col. Os Pensadores - 1996



2 comentários:

Natália Leite disse...

Muito bom!

Anônimo disse...

iii aee a conclusao/?????